Criticar o futebol brasileiro pode parecer fácil. De longe, é difícil apontar quais são suas mazelas reais e porque o são. É óbvio que não sou estudioso no assunto. Que o seja. Sou um perna de pau, mas sei pensar.
Os problemas são:
1.
Baixa qualidade;
2.
Baixo público;
3.
Falta de organização;
4.
Falta de perspectiva.
A baixa qualidade teria três fatores: mau investimento na base,
calendário extenuante, má gestão dos atletas.
I.
Graças ao Barcelona, falou-se bastante sobre as
categorias de base. Mas, é importante dizer aos são-paulinos e mesmo aos
santistas, que investir nas categorias de base não é revelar craques, nem
gastar dinheiro (viram, corintianos?). O Barcelona das categorias joga como os
do time principal, porque adotou uma escola. Adotou uma escola. Escola é um
estilo de jogo definido, mas também uma filosofia de futebol. Isso simplesmente
não há em qualquer clube brasileiro, até porque os técnicos são contratados
para permanecerem por pouco tempo e sem acesso às categorias de base exceto se
for para promover algum ao time titular.
II.
A média de jogos por temporada de um bom clube
brasileiro está na casa dos 70 jogos. O
Corinthians pode terminar o ano com 74 partidas oficiais, excetuando-se dois
amistosos. O Santos deve terminar a temporada com 76 partidas. Para se ter uma
ideia, o Chelsea, considerando-se a temporada 2011-2012, teve 58 partidas, 61
se considerarmos a Carling Cup, de menor prestígio e disputada por times
reservas. O que significa que um jogador na Europa tem 10 compromissos a menos
que um no Brasil. E essa diferença vai aumentar ano que vem, sob a Nova Copa do
Brasil. Por isso, temos tantas lesões e desfalques. E como pudemos ver com
relação ao Engenhão, também temos gramados de péssima qualidade, uma vez que
não permitimos que a gramínea descanse, tome sol e se fortaleça.
III.
Qualquer grande craque brasileiro sonha em jogar
na Europa. Não é apenas uma questão financeira. É uma questão de visibilidade,
sonho e conforto. Lá, possuem CTs melhores, jogam com outros craques e têm
contato com diferentes escolas de futebol. Mas, mesmo que não quisessem, os
clubes querem. Contrata-se a baixos preços a molecada, nem sempre tão moleca, e
depois ganham rescisões na casa de milhões de euros. É por essas e outras
razões que o brasileiro conhece duas das três fases de um grande atleta: o
começo e o fim. O auge, ele não vê.
Outras questões... a gente vê na próxima postagem. Aguardem.