Quando eu tinha lá os meus 10 ou 11 anos de idade, me
conformava com a verdade incontestável de que eu era ruim de bola. Sim, muito
ruim de bola.
Mas, nunca, sem imaginação. Se eu não era capaz de pegar a bola e
fazer o gol, ou mesmo dar a assistência brilhante, nem sequer espalmá-la para
fora do gol com agilidade e precisão, eu podia pensar a bola, pensar os times e
criar versões novas de sua organização, quem sabe talvez sua tática.
E não posso deixar de pensar na decadência sistêmica do
futebol brasileiro. Repito: decadência sistêmica. Não temos problemas táticos,
nem dificuldade técnica. Nossos técnicos e jogadores são medianamente bons,
salvo muitas ressalvas, alguns continuam sendo os melhores do mundo, como Neymar.
Entretanto, não temos planejamento, nem em longo prazo nem em médio para o
futebol.
- · Basta abrirmos os olhos para ver que o provável campeão deste brasileirão não tem estádio (nem planos para ter um!), sua torcida não comparece às partidas e define, mesmo com grandes jogadores, a maior parte de seus jogos em bola parada.
- · O maior craque do futebol nacional está instalado num elenco frágil, instável, cujo aproveitamento sem ele é de times a serem rebaixados.
- · O atual campeão da Libertadores se dá o luxo de ter folga, enquanto rola o principal torneio do futebol no país, cujo principal jogador é um volante e onde os centroavantes simplesmente não vingam.
- · O campeão do maior mata-a-mata do país está prestes a ser rebaixado, com elenco ainda mais frágil e uma diretoria bagunçada.
- · O mais popular clube do país está envolto a uma desorganização tamanha e não tem nenhuma perspectiva de melhora para a próxima temporada.
- · O clube que mais ganhou com transferências e revelações no ano está há tempos sob o comando de um dirigente autoritário e truculento.
- · A Seleção Brasileira não pode escolher seus rivais e está em formação já faz dois anos, e mesmo com o mesmo técnico ainda não definiu seu padrão de jogo, ignorando uma escola secular.
- · A TV aberta escolhe quase sempre os jogos menos interessantes e de pior qualidade em cada rodada para transmitir.
- · E rodada após rodada do brasileirão, fala-se mais do apito do que dos gols.
Será que não tem solução?
Prezado Victor Fernandes:
ResponderExcluirSeu post está espetacular !
Traduz muito do que pensam os que raciocinam sobre futebol.
Parabéns !
Mauro Amaral
http://pensandosobrefutebol.blogspot.com.br/
PS: Conheci seu blog através de um comentário seu no meu blog, citado acima