segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sobre Corinthians e São Paulo

Faz alguns meses que profetizei: Corinthians e São Paulo será o maior clássico do país. Aos poucos, dava para perceber a queda de rendimento do Santos e o crescimento, pouco a pouco, da desenvoltura do Tricolor. Diante disso, um Corinthians que, fora o centenário sem ter nada, já tinha reconquistado seu lugar no panteão do times brasileiros.

Há boas diferenças entre ambos. Os corintianos ainda se orgulham de sua "maloca" que, na verdade, não existe. É uma torcida que diante de seu time não vê outro time. Sequer é capaz de dar nomes aos guerreiros que estão no gramado. Gritam pelo seu clube e por si mesmos. Exageram nas análises sempre eufóricas e, às vezes, obscurecidas por seu fanatismo.

Do outro lado. Os são-paulinos se orgulham de seus títulos e de seus ídolos. Não se cansam de nomear os astros que têm à mão. Acreditam sinceramente que torcem para o time a ser batido, mesmo quando seu histórico recente não confirme a tese. Exageram na idolatria de seus jogadores-símbolo, sendo injustos ao gritar o nome de um, e não do outro.

Para além de suas torcidas, a estrutura diz algo interessante. O Corinthians de hoje é o São Paulo de ontem. Hoje, é o Corinthians que detém um Centro de Treinamento de ponta, bons médicos que atraem astros de fora do país para se tratar com eles, um modelo de profissionalização para os outros brasileiros. O São Paulo deixou de ser o modelo. Juvenal Juvêncio começa a se assimilar a Vicente Matheus e a Alberto Dualib (os ditadores corintianos), quase onipresente do clube, mas onipotente sem dúvida. Entretanto, o clube hexacampeão brasileiro ainda pode nomear seus craques formados na base, algo que ainda falta ao campeão.

Enfim, hoje, o Tricolor tem seu ataque rápido, o Alvinegro tem sua defesa segura e sua cadência. Ontem, o melhor em campo perdeu por um detalhe. Ontem, o campeão mundial superou o sul-americano. Mas, ainda temos quatro outros duelos, garantidos.

Páscoa Majestosa

Era páscoa este domingo. E, como católico, não fiz mais que comemorar em um bom churrasco o dia em que celebramos a vitória de Jesus sobre a morte. Vitória esta que sempre tem um outro lado, o lado da derrota, do fracasso. Ou nem tão grave assim.

Grave, sem dúvida, foi a goleada histórica aplicada pelo Mirassol sobre o Palmeiras. Vitória gloriosa para o time do interior que ainda briga para ter seu lugar ao sol nas quartas-de-final do paulistinha. Derrota amarga e cruel para o grande clube palestrino da capital paulista. Mas que, como é do futebol, acaba virando estatística, história, piada e, finalmente, passado. Jesus venceu a morte. O Palmeiras também podia vencer sua crise. Fez bem em manter Kleina que, ao final das contas, é o que tem pra hoje em um clube que há muito sofre para voltar à gloria. E os 2x1 diante do Linense não foi pouco nem muito. Só o suficiente.

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No domingo, entretanto, surgia outro certame prestes a tomar conta dos noticiários e fazer esquecer, ao menos por pouco tempo, os frangalhos alviverdes. Clássico com nome bonito: Majestoso. Talvez exagerado, talvez não. De fato, os dois clubes mais populares do estado de São Paulo. O confronto de dois times de poder econômico e com fartura de títulos nos últimos 15 anos. Mesmo assim, era no Paulistinha, a pré-temporada fora de hora.

Sentado à mesa com meu pai, santista, e com minha noiva, degustando umas belas fatias de picanha, ouvi o começo da partida. Mal terminei de degustar os prazeres da boa comida de minha sogra ouvi o grito: Gooooool! De quem? Pensei: do São Paulo. Acertei! Comecei a criticar e a dar voz a Ney Franco e a Tite. Clássico em campeonato estadual a alguns dias de jogos decisivos da Libertadores. Mau gosto de quem perderia tempo para degustar tal jogo, era melhor a Picanha. Mas me rendi.

Dados 5 minutos em jogada perfeita de Osvaldo e Jadson, iniciada em péssima desenvoltura de Alessandro que não sofreu falta, o Tricolor Paulista fez soar seu hino em seu próprio templo. Falhou em não fazer mais, e  pôde. O São Paulo foi, no primeiro tempo, muito mais incisivo e objetivo que o Corinthians. Mas não se menospreze um campeão mundial. Émerson, na lateral direita, faz lançamento belíssimo e perfeito para Danilo que mata muito bem, limpa a jogada e acerta no ângulo contra Rogério Ceni. Gooooool!!! Empatou? Pois é. Fui, então ao intervalo com picanha.

No segundo tempo, muito mais lento, a técnica, a marcação, a tensão me irritavam solenemente. E eu reclamava de um jogo fora de hora. Tão fora de hora quando o recuo da bola feito por Tolói. Não tive de dó de dizer que um jogador profissional não podia pensar em fazer o que fez. Pato, esse muito mais oportunista ontem que Fabiano, fez o que devia fazer, correu para a bola. Eu não daria o pênalti. Não gosto de jogo cheio de intervenções do árbitro. Mas, se precisasse marcar alguma coisa, seria o pênalti. Não houve pé alto. A verdade, triste para os são-paulinos, é que o Rogério Ceni furou. E furou porque Pato acertou a bola primeiro. Pênalti.

O fato é que se houve um duelo entre Luís Fabiano e Alexandre Pato, o segundo ganhou ontem. O reforço alvinegro foi paciente e não entrou na discussão que se seguiu, gerada inclusive pelas reclamações de Luís Fabiano. Pato, tranquilo, pegou a bola, pôs na marca e arregaçou a meta são-paulina. Corinthians punha fi, a 24 jogos de invencibilidade tricolor no Morumbi. Tudo, um dia, acaba.