Kevin fora ver uma partida de futebol. Sabemos que de lá não voltou. Como sabemos que, tendo ido às escondidas, queria ver uma partida de futebol. Se por amor a San José ou por amor exclusivo à bola caprichosa que dança nos pés, nos ares e que explode em traves ou em gols, não importa. Lá estava, porque o menino atrevido e de destino triste estava ligado à bola, que não mata nem rouba nem engana, porque não é gente. Amar futebol pode ser loucura para uns diante das tragédias. Mas sei que nenhuma delas pode ser esquecida no rancor nem no revanchismo. Como o amor tudo perdoa. Que o amor ao futebol desate os nós das dores.
Quem sabe, a bola na rede disfarce a triste verdade de que, como a bola vai pra onde não sabemos, nossas vidas também partem em fim desconhecido. Foi a tal bola da rede que, neste final de semana, deu toda vazão à alegria indiscutível dos são-paulinos. Ao alívio sincero dos palmeirenses. E à angústia corintiana, sofredora, mas de certo apaixonada. No último caso, a bola que entrou nem sempre é feliz, como nem sempre é triste. Mas tem culpados.
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Bragantino já tinha feito das suas ante Palmeiras e Santos. Contra o Timão seria diferente? A defesa segura do clube invicto em jogos internacionais fez de tudo para garantir que não, mas falhou. O primeiro gol bragantino foi falha do lateral corintiano Edenílson, que não fechou o setor e permitiu cruzamento pela direita. Léo Jaime converteu sem chance para Cássio, logo no primeiro minuto do segundo tempo. Em outro momento, o vacilo foi do goleirão corintiano que até acertou a bola, só não a mandou para fora.
A sorte do clube paulista está nos reforços vindos da Europa, não dos vindos do Bragantino. Pato jogou reverencialmente bem. É um jogador acima do normal. Livre na área, com Cadu lhe dando condição legal, meteu sem dó contra Rafael Defendi, que não defendeu. O jogo se abriu, mas o Corinthians tinha dois problemas: as faltas estratégicas do Bragantino; e o excesso de individualidade, resultado inequívoco da falta de entrosamento, o qual deu milhares de passes errados para o adversário, muitos dos quais no campo de defesa corintiano.
No último minuto, Raphael Andrade, do clube de Bragança Paulista, já com cartão amarelo, pensou que sua mão sobre a bola seria despercebida e Ralf não a pegaria. Acertou quanto ao segundo, não quanto ao primeiro. O juiz marcou pênalti. Guerrero converteu muito bem em bola no ângulo. Ali, só a trave defenderia.
O treino de luxo do Poderoso Timão tem suas vantagens. Está mais que na hora de Pato ter sua chance com Guerrero. O peruano enfiado entre zagueiros e o reforço milionário em movimentação podem se complementar de tal modo que deixariam os rivais em lágrimas desatadas. Sabemos que se entrar um, outro sai. Não há outra escolha: Emerson Sheik é preferido para dar lugar a Alexandre Pato. Principalmente, porque Alexandre marcou três vezes e deu assistência a Romarinho. Guerrero marca em toda partida que entra desde o Mundial. Não dá para deixar no banco quem resolve.
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