Tem sido comum a cada tragédia que se sucede a recorrência a culpados. Eles existem e isso é fato. Só não são tão culpados como preferimos julgar que sejam. Foi assim com Santa Maria, agora em Oruro, e já fora em ocasiões mais graves. Não temos em mãos quando algum desastre vai acontecer. Às vezes, nos ocorre a vaga ideia de que podem acontecer, embora finjamos passíveis do erro crentes de que simplesmente não vão acontecer.
Por tudo isso, não sou daqueles que gostam de punições. Quanto mais se pune menos se previne. Desencadeia em diversos meios a ideia medíocre de que basta condenar os culpados e crer que isso sirva de exemplo: ideia sórdida e até certo ponto burra. Sou professor e sei que culpar não resolve, condenar diminui mas não exclui recorrência. Prevenir parece ideia de comercial do SUS, mas não é. Segurança preventiva existe e passou da hora de termos sua parte na infraestrutura do futebol.
Ou, por acaso, estádio é lugar de ninguém? Não é! Tem dono. Seja o governo ou o clube, tem dono e pertence ao dono a responsabilidade de garantir a segurança dos transeuntes. Isso deveria obrigar a Conmebol, mas principalmente os países da América do Sul, de estabelecer um modelo de inspeção à frente dos estádios. Não podemos permitir que em lugar tão público e, ao mesmo tempo privado, não nos seja oferecida alguma forma de proteção.
O Corinthians entretanto deve imediatamente romper com a Gaviões, enquanto esse tipo de barbaridade rondar as ações da torcida organizada. Desde a briga entre torcedores corintianos e palmeirenses, vários outros desvios de conduta tem sido observados pela diretoria do Timão com a mesma negligência e falta de postura. Proibir o grupo de assistir jogos do clube é muito mais fácil do que parece. É possível sim termos torcidas organizadas civilizadas e devidamente institucionalizadas. Romper com a barbárie é o primeiro passo.
Provavelmente, o que ocorreu em Oruro seja um acidente. Isso não exclui a responsabilidade do torcedor, da Torcida Organizada, nem, principalmente, do mandante do jogo. Mas tirar o atual campeão do torneio por uma sequência de equívocos seria a maior injustiça a respeito. O torneio, o clube e seus torcedores honestos pagariam por algo que realmente não cometeram.
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